segunda-feira, 30 de junho de 2008

Quem foi, hein?

Ela diz:Me ensina, por favor? Me ensina a aceitar, a entender, a acreditar, a sentir?
Ele diz: Você já sabe...mas está com medo!

Onde foi que eu me escondi? onde eu enfiei a coragem, meu deus? por que a gente não recebe um manual de instruções? O que vem depois da curva? quem vem me buscar e me levar pela mão? Como eu saio daqui? quem disse que eu sei? quem disse que eu quero? quem disse que eu posso? quem disse que é regra, é lei, é ordem? O que eu faço com isso? qual linha eu sigo? onde mora a força? onde mora a verdade, onde mora a certeza? Por que não eu? quem é que não gosta? Como mudar, ignorar, não se importar? Depois do muro, tem mesmo um chão? em que porta bater, por qual janela pular, em que entrada me perder?

Quem foi que enfiou essa mulher aqui, nesse coração de menina? Avesso, contrário? Quem foi, hein?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Homenagem



Em homenagem: ao homem que me mostrou como o sertão pode ser belo, sem a hipocrisia de esconder sua aspereza, sua pobreza e malvadezas; ao homem que me falou sobre os perigos de viver; que disse: "o correr da vida embrulha tudo"; ao homem que me apresentou Nhinhinha; que escreveu “A terceira margem do rio”; que trouxe para minha vida Riobaldo e Diadorim; ao homem que gostava de escrever sem pontos, sem regras, que inventava diminutivos e palavras...Nonada; ao homem que me fez compreender que "amor vem de amor". Mire veja, que só por isso já bastava; ao homem que falou tanto de coragem; ao homem do " o sertão é dentro da gente"; ao homem que em 1956 narrou um amor homossexual. Enfim, em homenagem ao homem que me emociona a cada página: João Guimarães Rosa, que se estivesse vivo hoje, completaria 100 anos. Abro minha agenda e coloco aqui alguns trechos.


"Compadre meu Quelemém, muitos anos depois, me ensinou que todo desejo a gente realizar alcança — se tiver ânimo para cumprir, sete dias seguidos, a energia e paciência forte de só fazer o que dá desgosto, nôjo, gastura e cansaço, e de rejeitar toda qualidade de prazer. Diz ele; eu creio. Mas ensinou que, maior e melhor, ainda, é, no fim, se rejeitar até mesmo aquele desejo principal que serviu para animar a gente na penitência de glória. E dar tudo a Deus, que de repente vem, com novas coisas mais altas, e paga e repaga, os juros dele não obedecem medida nenhuma. Isso é do compadre meu Quelemém. Espécie de reza?".

"...por que o governo não cuida?! Ah, eu sei que não é possível. Não me assente o senhor por beócio. Uma coisa é pôr idéias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas misérias...Tanta gente – dá susto se saber".

"Amizade nossa ele não queria com descida simples, no comum, sem encalço. A amizade dele ele me dava, e amizade dada, é amor".

"Lei de jagunço é o momento, o menos luxos".

"Sou o que não foi, o que vai ficar calado".

"Se amor? Era aquele latifúndio. Eu ia com ele até o rio Jordão...Diadorim tomou conta de mim".

"A vida da gente faz sete voltas — se diz. A vida nem é da gente...".

"Sertão é isto, o senhor sabe: tudo incerto, tudo certo. Dia da lua. O luar põe a noite inchada".

terça-feira, 24 de junho de 2008

Oh, yeah


Quando sai para trabalhar de manhã cedo, é comum deixar bilhetes na porta do meu quarto. Às vezes, só escreve "bom dia!" e coloca a data. Às vezes, como aconteceu hoje, me surpreende com belas mensagens. "Filha, vai dar tudo certo. Bom dia! Hoje é dia de São João". Guardei o bilhete na gaveta, junto com os outros. Mas, antes disso, fiquei alguns segundos olhando o papel, parada em frente à porta, pensando como, mesmo sem saber exatamente o que se passa aqui dentro, essa pessoa cheia de doçura consegue ser tão precisa. Essa pessoa que, por um acaso, é o meu pai.

"Vai dar tudo certo" é uma frase das mais simples. E sempre tem alguma coisinha que está para dar certo, não? É o financiamento do carro, a escolha da casa, uma viagem, uma boa pauta, um aperto teimoso no peito. Diga a frase para qualquer pessoa, em qualquer dia do ano, e ela não vai fazer cara de espanto. Aposto. Porque a vida, afinal, como canta Lenine, não pára.

"Vai dar tudo certo" talvez seja a frase mais nonsense do mundo. Quem disse que vai dar certo? Como você pode ter tanta certeza? O certo nem existe, oras.

Eu não sei de nada, não.

Só sei que nada melhor do que um abraço bem apertado e alguém te dizendo que vai ficar tudo bem, mesmo que esse alguém não tenha certeza coisíssima nenhuma. E o abraço pode vir em forma de um bilhete carinhoso - ou de uma mensagem de texto inesperada, na calada da noite.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

As dores do mundo

Ando com uma dor de cabeça, que vem se tornando cada vez mais insuportável. O engraçado disso é que nos momentos em que a dor vem com tudo e fica ali, quase cegando para o resto do mundo, tenho a sensação de que momentos valiosos de vida são perdidos. Não se consegue chegar em casa e ler o livro, que tanto se quer terminar, não se consegue chegar em casa e conversar horas sobre o dia que se passou, não se consegue ao menos, curtir o frio debaixo daquela tonelada de cobertores.

Aí penso mais insistentemente em quanta vida se perde por aí, vivendo só de dores. Dores de cansaço, dores de amores, dores de cotovelo, dores de raiva, dores de solidão, dores de exaustão, dores de reclamação, dores e mais dores, que vão gerando ainda mais dores. Ai me dá uma vontade enorme de chorar e de dizer bem alto que não se nasce pra isso. Pelo menos, eu não nasci. E aí, como quem vem pra tirar a dor da gente com a mão, ganho forças, lembrando da mensagem mais bonita feita em cartolina ou vinda por telegrama. Lembrando do sorriso dele ou da risada bêbada de mãe, filha e madrinha, exaustas após a festa. Pensando que meu docinho lembrou de mim e foi correndo até a porta chamando o meu nome bem alto. Lembrando das meninas de lá e dos jantares e almoços e conversas, lembrando dos amigos-saudade, que fazem cada encontro, o melhor de todos. Aí consigo enxergar de novo, sempre e pra sempre, que o gostar é e deve ser mais forte do que qualquer dor do mundo.

Assim, consigo dormir melhor, com a mesma dor de cabeça latejando, mas feliz por saber que um dia todas as dores passam e o que resta é a gente, por inteiro, com o mesmo balanço e com a mesma vida para se seguir em frente.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Chapéu vermelho


"Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.

Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:

- Como não acaba? - parei um instante na rua, perplexa.

- Não acaba nunca, e pronto.

Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.

Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.

- E agora que é que eu faço? - perguntei para não errar no ritual que certamente deveira haver.

- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.

Perder a eternidade? Nunca.

O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.

Acabou-se o docinho. E agora?

- Agora mastigue para sempre.

Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.

Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

- Olha só o que me aconteceu! - disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!

- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.

Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim."

Medo da Eternidade, conto de A Descoberta do Mundo, de Clarice Lispector

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Maravilhosa


Ela me deixou extasiada. Tem qualquer coisa de magia naquela mulher. Qualquer coisa na voz, no olhar, no sotaque, no porte, nas flores do vestido, no jeito de amarrar o cabelo.

Quando as luzes se apagaram e começou a cantar Chovendo na Roseira eu, de tão feliz, senti vontade de chorar. Quando ouvi o trecho "deixe que eu siga novos caminhos, em busca de outros carinhos", de Risque, chorei. E as mãos, que se entrelaçavam timidamente, se apertaram em Estrada do Sol, apertadas o bastante para que os dois pudessem, em seguida, se beijar em segredo em uma casinha, lá na Marambaia. E pra todo mundo ver, em Só Tinha de Ser Com Você. Então, deixaram o Municipal e, mais tarde, conseguiram se abraçar bem forte, inventando um final só deles para Se Todos Fossem Iguais a Você.

Descobri a Teresa Salgueiro na época em que tomei a decisão que foi até hoje a mais difícil, com o coração cheio de força e coragem. Os versos de Meditação, na voz dela, viraram para mim uma espécie de mantra. Na segunda-feira, quando ela cantou que a flor, o sorriso e a flor se transformam depressa demais, lembrei sem dor da menina que, naquele setembro escuro, deixou a mala de certezas na estrada e seguiu em frente, repetindo para si mesma o final da canção de Tom Jobim e Newton Mendonça:

"Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
E a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou"

Ser e Estar

Tá, eu sei, Joana em demasia. Mas essa coisa de inspiração não vem quando a gente pede...chega assim, do nada! Aliás, o que me motiva a escrever novamente, é um desespero engraçado, daqueles que aparecem quando se quer falar, mas não se sabe. Quando se quer dizer alto algo que não consegue sair assim, tão fácil, quando a sua única arma é a voz. Aí eu escrevo, pra tentar entender o que eu sinto e até para ler depois e dizer: nossa, não acredito que eu pensava assim.

Pois então, aqui dentro, pensamentos andam trombando em torno de um assunto só: momentos. Hoje cheguei a uma certa conclusão a respeito de algo sobre o qual muita gente fala, mas confesso, eu relutava em acreditar: não se é feliz e, sim, se está feliz. Não, não estou deprimida, desacreditada, triste ou coisas do gênero. Só botei reparo nos momentos de felicidade claros que nos surgem à frente. Mas que, de uma hora para outra, assim, como passes de mágica, se desfazem. Se desfazem em monotonia, se desfazem em angustia, se desfazem em amor, se desfazem em saudade, se desfazem em desejo, ansiedade, pressa, sonhos, rotina, carinho.....simplesmente se desfazem como os castelos de areia erguidos na praia e desmanchados, suavemente pelo vento, ou, bruscamente pelos passos desajeitados das crianças que correm pela orla. Mas a beleza de uma praia com castelos desmanchados continua ali, como fotografia de um dia bom.

E essa para mim, cada dia mais, é a beleza da vida. A sensação de quando se reconhece e se sente plenamente em um momento de felicidade é indescritível. Amacia ao mesmo tempo em que aperta o coração. Liberta e torna o andar leve, como se nosso único peso fosse o do corpo a caminhar. Esquenta, como se o sol se escondesse é dentro da gente. E a gente quer ficar paradinha ali, na esperança do pra sempre. Mas, de repente tudo explode em dia-a-dia como bolhas de sabão. E o que fica marcado é mesmo a beleza, a pureza , a leveza e as delícias daquele momento de felicidade, só nosso.

O erro, porém, e que, em minha opinião, causa a nossa inseparável e inevitável frustração é acreditar na eternidade desses momentos. É apostar nela com todas as suas fichas e subir na estante mais alta acreditando que ali, como os truféus, será o seu lugar pra sempre. E aí, e aí como tudo na vida, se desmancha e caímos, como quem não tem almofadas no chão para amparar a queda, como quem não acredita que um dia cairia. Nessa hora se chora em desespero sem entender o que realmente faz parte. Que os tombos fazem parte da estrada e que a vida só é tão linda e tão intensa devido a mistura imprescindível entre os momentos de felicidade e os momentos de lucidez.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Faz tempo eu quis

Gosto de prestar atenção em todas as formas de homenagens ou demonstrações de afeto presentes ao nosso redor. Há quem tatue o nome do filho na pele, ou batize seu negócio com os nomes daqueles que se quer bem, mesmo que a combinação seja nada harmoniosa. Há quem escreva cartas, poesias ou textos no blog. Há quem não saiba, apesar de tentar muito e ter facilidade para juntar palavras, escrever diretamente a alguém, no íntimo das linhas pautadas do caderno em branco. Esse alguém pode saber, porém, com sua letra grande e desajeitada, rabiscar bilhetes, ou paredes ou espelhos suados pelo vapor do banho.

Hoje de manhã – uma bela manhã, por sinal...daquelas com vento frio cortando o rosto, mas o sol acalentando corações – ouvi no rádio uma das homenagens de que mais gosto, em forma de música. Os versos musicados desejavam, ansiosos, que a melodia tivesse o poder de eternizar alguém. Eternizar não só na memória de uma filha saudosa, que compôs em homenagem ao pai, mas eternizar alguém amado na canção que será repetida por anos e anos, talvez, na voz rouca, fina, grossa, doce, de diversas gerações que, assim como eu, cantarão em voz alta, como se estivessem colocando pra fora o que se sente aqui dentro, no fundo da gente, só nosso.

Com vocês, a homenagem de Fernanda Takai: “Canção pra você viver mais”, do Pato Fu

Nunca pensei um dia chegar
E te ouvir dizer:
Não é por mal
Mas vou te fazer chorar
Hoje vou te fazer chorar

Não tenho muito tempo
Tenho medo de ser um só
Tenho medo de ser só um
Alguém pra se lembrar
Alguém pra se lembrar
Alguém pra se lembrar

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais
Faz um tempo que eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais

Deixei que tudo desaparecesse
E perto do fim
Não pude mais encontrar
O amor ainda estava lá
O amor ainda estava lá

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais
Uuuuh... uuuhhh... uuuuhhUuuuh... uuuhhh... uuuuhh

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais

Faz um tempo eu quis
Faz um tempo eu quis
Você viver mais
Uuuuh... uuuhhh... uuuuhh

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Chuva de verão


Imagine aquela tarde de verão, em que o tempo está uma delícia e tudo parece perfeito. O céu amanheceu sem uma nuvem, só se via aquela imensidão azul, o calor tomou parte de toda a tarde e a vontade era sair por aí e passear sem rumo, só para aproveitar o dia. Quando tudo parece um roteiro de uma comédia romântica, alguma coisa parece se transformar. No céu limpinho aparece uma nuvem ou outra, aquele tempo abafado ganha um ventinho mais frio. E num piscar de olhos, tudo muda!

Um monte de nuvens daquelas bem pretas e bem carregadas se formam pelo céu. Não sobra nem mais um pequeno espaço azul. O vento parece que vai carregar aquelas pessoas que saíram de casa para aproveitar o dia e o barulho dos trovões parece ensurdecer. E eu, uma dessas pessoas que sai para viver esse dia perfeito não tenho para onde fugir! Olho para o céu e a impressão é a de que o mundo realmente vai cair na minha cabeça e eu só posso esperar!

Ao olhar para as nuvens negras penso quanto frio sentirei, como meu vestido de verão, aquele dos mais leves que temos, todo estampadinho vai ficar encharcado, que a sandália vai escorregar e que não deveria ter colocado os pés para fora de casa... mesmo assim, eu não quero ficar presa em algum lugar para esperar a chuva passar, sei que quero viver aquilo.

Primeiro começam os pingos grossos e esparsos e nem parece que está chovendo. Aos poucos, eles se multiplicam e, quando percebo, já estou encharcada. Começo a sentir e percebo o quanto aquela chuva é gostosa. Apesar de estar morrendo frio, mesmo com medo de escorregar, aquilo tudo faz parte do verão da mesma maneira que o sol.

Chego em casa molhada dos pés a cabeça, com frio e já espirrando, mas feliz porque é assim que a vida acontece. Mesmo quando nos vemos nos melhores momentos e achando que tudo está perfeito, as nuvens negras vem, mas também vão porque no dia seguinte, ao abrir a janela o sol está lá de novo, brilhando. É assim que me sinto hoje, no meio de uma tempestade que parece que não vai passar nunca, mas feliz e vivendo, brincando com as poças que se formam porque sei que o sol vai aparecer depois para secá-las.