sexta-feira, 30 de maio de 2008

o perfume do amor



Presente do poetinha para dias chuvosos. E para ficar perfeito, ouçam na voz de Milton Nascimento e Daniel Jobim, no disco "Novas Bossas".

Tão pequeno e belo, dá vontade até de sofrer. Quem disse que a tristeza não pode ser bela?


Medo de amar
Vire essa folha do livro e se esqueça de mim

Finja que o amor acabou e se esqueça de mim

Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz

E que ter medo de amar não faz ninguém feliz

Agora vá sua vida como você quer

Porém, não se surpreenda se uma outra mulher

Nascer de mim, como do deserto uma flor

E compreender que o ciúme é o perfume do amor


segunda-feira, 26 de maio de 2008

O Rio de Janeiro...


Não estava especialmente lindo?

terça-feira, 20 de maio de 2008

Vamos falar da Carmen Miranda


Quem tem família grande, deve concordar com duas coisas

1. se você for esperto, minutos antes de gritarem "tá na mesa!", já estará na fila enfiando um pedaço de pão no molho da carne suculenta, atrás apenas de um priminho (que foi ainda mais esperto que você) e de um tio mais velho que, por mais que tenha chegado segundos depois, sabe-se lá por quê, acabou ficando na frente

2. em todo almoço/bolinho de aniversário/dia das mães/qualquer evento que conte com pelo menos um terço da família surgirá, em algum momento, um assunto polêmico. Se não for o caso Isabella, será a filha da vizinha que fugiu com o namorado pra China, ou a incapacidade dos famosos de manter um casamento, ou a difícil tarefa de escolher a escola para o filho. Você tem três opções: entrar na dança e contestar até aquela tia que é uma autoridade na família, com a cara e a coragem; ficar muito irritado com os comentários preconceituosos e sair da sala; permanecer ali, com seu potinho de merengue em mãos, lendo Caras e fingindo que não está ouvindo nada daquilo

Uma hora ou outra, a falação conjunta chega ao limite - no meu caso, é quando minha avó levanta-se da cadeira e sugere "vamos falar da Carmen Miranda?" - e um minuto depois todos estão ouvindo, emocionados, a prima que vai casar contar como seu vestido é lindo.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

a gente nunca esquece...


Estou ensaiando para escrever um texto faz tempo, já comecei diversas vezes, mas, quando releio o primeiro parágrafo acho tudo uma grande besteira e apago! Faz tanto tempo que não escrevo (não só no blog, mas na vida mesmo) que tenho medo de ter esquecido como se faz! Ao mesmo tempo, tenho muito oq escrever e acho que a confusão na minha cabeça é tanta que parece até que não tenho nada a dizer!

Queria falar das minhas angústias e frios na barriga do futuro, do gosto de chocolate meio amargo do presente e das lembrar e sorrir do passado! Mas não consigo, parece que estou travada e fica cada vez mais impossível colocar em palavras meus sentimentos!

Será que é fase? Sempre achei que escrever fosse como andar de bicicleta, depois que você aprende, pode até perder um pouco da prática, mas nunca esquece... acho que nada como um texto sobre escrever e falando da minha dificuldade p/ voltar. É isso, meninas, estive sumida, mas pretendo voltar, até pq, ainda sei andar de bicicleta!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Mãe


Para mim, ela nunca usou o cabelo numa altura que não fosse a dos ombros. Mas sempre que os corta ou pinta me olha com cara de quem fez uma mudança ousada e pergunta, com doçura: "Você gostou?". Acho que nunca vi olhos mais vivos. Não páram um instante só de mexer, pra lá e pra cá - e ela nem sabe disso. Ela nem sabe que o tom castanho de seus olhos é exatamente o mesmo tom do castanho de seus cabelos e que isto a torna incrivelmente bela. Não, ela não sabe como é bonita e, quando de repente sabe, envergonha-se toda da descoberta. Não sabe que de tanto querer não fazer-se notada, naturalmente é. Ela é aquela que dança qualquer música e, se está parada, já está ensaiando um novo passo. Acorda todos os dias com um bom humor quase inconcebível para a maioria dos seres humanos. Acorda acordada. E não levanta da cama sem fazer uma oração. Fala alto e fica brava (de mentirinha) se pedem para abaixar o volume. Ela sempre fica brava de mentirinha. Quando é de verdade, é porque já virou tristeza. Mas, se virou, logo passa. Drama, só se for longe dela. Nada de chororô! Ela é prática. Quebrou? Conserta. Não tem conserto? Inventa. Poucas vezes ela chorou, e quando isto acontece, tudo desaba e eu só consigo pensar que gostaria de ter o maior guarda-chuva de todos para protegê-la em dias de tempestade ferozes. Eu poderia ficar plantada com meu guarda-chuva gigante, observando-a correr na chuva, e quando ela estivesse bem cansada a traria para pertinho de mim. Ela não gosta de piadas tolas, seriados americanos e filmes muito deprês. Música muito alta, só escuta se for sozinha. Livros, ela os devora. E se for torrando no sol, melhor ainda. Ela toma sol e fica com uma cor linda, morena, sem descascar depois - e a danada nunca repassa o protetor solar. É apaixonada pelo pai, dedicada à mãe. Ela sempre conta, admirada, como recusei sua companhia no segundo dia de aula. "Toda mocinha, com sua mochila da Minnie, se afastava de mim e dizia 'tchau', garantindo que já podia ficar sozinha". Quando me sinto forte, lembro desse causo e tenho a certeza de que foi ela que me ensinou a guerrear. Todos os dias eu vejo uma guerreira nos olhos inquietos dela. Eu adoro quando tem ataques de riso com suas irmãs: elas, que são parecidas, ficam todas com a mesma cara feliz. Ela talvez seja a mais dura de todas. No entanto, como sua braveza, a dureza é fácil de derreter feito manteiga, e quando você olha o celular tem lá uma mensagem; debaixo da porta, tem um bilhete; na mesa do café da manhã, tem seu suco preferido. Ela é aquela que escuta e, mesmo que seja algo que não entenda ou contra seus princípios, diz: "o mais bonito e importante é que as pessoas não estão terminadas, elas vão sempre mudando". É aquela que aponta as cartas na mesa e explica "rei ou valete, tanto faz, o importante é fazer uma escolha". E quando, por fim, tudo parece enroscado demais para ser verdade, ela é aquela que sorri e sugere "já sei, vá numa taróloga!".

Se eu fosse a Laurinha, protagonista de As Cores de Laurinha, livro do Pedro Bandeira, eu definitivamente venderia meus melhores desenhos para comprar a bolsa mais bonita do mundo para minha mãe.

Era uma vez...uma boneca


Essa imagem merece um post à parte. Gente, a moranguinho é a boneca da infância, que tinha cheirinho de morango.

Reunião, segunda-feira, às 15h. Um balanço geral sobre o que se faz por cada cliente. Muito bacana para se atualizar de todo o trabalho que está rolando. O curioso e mais divertido, porém, foram as companhias especiais dessa mini-reuniãozinha! As filhinhas dos meus chefes. Uma graça, as duas. Lembrei da época em que todos também, me achavam uma gracinha! Daquela época em que não se pensava em nada além das bonecas e balas e desenhos e casas de amigas para se passar as tardes brincando. Era aula de natação, de dança (quem nunca fez dança na infância???), que se intercalavam entre o soninho da tarde e os desenhos na tv.Um tempinho em que os únicos planos para o futuro eram ser bailarina, ou médica, ou atriz, quem sabe uma fada? Ou o presente que se pediria de aniversário ou de natal. (Porque não, nunca ganhei presente de Dia das Crianças, acho que minha mãe não gosta mto dos exegeros desta data...eram sempre lembrancinhas...hahahaha). Engraçado, porém, quando nos sentimos em outra parte do ciclo. Em que a nostalgia de um tempo é superada pela ansiedade do que estar por vir. São os primos que deram vida à priminha mais doce e meiga do mundo. Que abre um sorriso quando chego perto e gargalha com as brincadeirinhas e músicas cantadas só pra ela. Ou o vizinho de anos, com quem brincava de polícia e ladrão pelo condomínio, hoje passeia com carrinho azul e tem o filhote mais sorridente e charmoso da região. Ou ela, a dos cabelos de mola, que está descobrindo o mundo agora e não para de falar e se expressar sobre ele. Que tem seus nomes próprios para todas as coisas e te puxa pela mão da forma mair terna e cativante do mundo. E aí, penso em me desfazer das bonecas de que tanto senti saudades e dá-las as duas pequeninas da minha vida. Ou não mais voltar ao tempo quando ouço minha mãe cantando para uma delas as musicas que aprendeu só pra me ninar, e sim, querer aprendê-las, todas, para poder repetir a elas agora ou aqueles que ainda virão, um dia.

terça-feira, 13 de maio de 2008

O correr da vida


A imagem não tem ligação com o post. Está aqui só para dar um colorido...

Queria escrever. Sim, mas preciso admitir: ando sem muita inspiração.

Pensando bem, uma coisa me inspirou. É, foi uma descoberta, na verdade. Bem durante uma caminhada pelos sertões de Guimarães Rosa. Gostaria de dividir essa “coisa” aqui.

Passando por certas veredas encontrei o que, para mim, é um tesourinho. Uma espécie de reflexão sobre a vida. Antes de começar a ler “Grande Sertão: Veredas”, eu já sabia da existência desse trecho. Não imaginava em qual contexto o encontraria, como era o começo e o final e, de repente, em um sábado distraído, eis que me deparo com essas linhas, ditadas por Riobaldo.

“A virtude que tivessem de ter, deu de se recolher de novo em mim, a modo que o truso dum gado mal saído, que em sustos se revolta para o curral, e na estreitez da porteira embola e rela. Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso — o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito — por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.”

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Feliz


Eu amo vento frio acompanhado de sol. Eu amo o gosto que um bom chocolate deixa na boca, eu amo flores coloridas e roupas xadrez. Eu amo ataques de riso, uma gargalhada inesperada, viciar em um livro. Eu amo bom humor, encontrar pessoas de bom humor que não precisam ter comprado um carro novo ou ter sido promovidas no emprego para estarem assim. Eu amo lembranças boas da infância e um abraço apertado que não quer soltar. Estrelas, a lua pintada no céu e toda paisagem que faz a gente perceber, como escreveu a Adélia Prado, que o mundo é uma bola bonita, solta no espaço. A inocência das crianças, um almoço gostoso em família e a sensação de ter conseguido ajudar alguém. Mesa de bar com as amigas, com muitos chopes, bolinhos e conversas essenciais. Eu amo minhas amigas, cada uma com seu tom, seu sorriso, sua doçura. Amo todo e qualquer tipo de troca verdadeira. Ouvir minha música preferida no carro. Ouvir repetidamente o mesmo cd. Coca-cola bem gelada. E um bom vinho. Belos filmes tragicômicos. Meu sapato-boneca novo. Perder-me entre quadros e depois sentar para tomar um café. Eu amo almoço de quinta na casa da vovó. Uma reportagem bem feita. Dançar com as carneiras - porque a gente se diverte com billy mon, funk horrendo e música da boa. Eu amo a empolgação da Giu com seu vestido londrino de bolinhas; a cara da Déia quando deu, hoje, boas-vindas ao dumbo, em sua mesa; as sacadas divertidíssimas da Bi, em especial aquela que me recepcionou quando cheguei, (só) às três da tarde; o jeito fofo da Nina, pedindo um gole de sprite e mostrando seu mais novo álbum de fotos; a boa surpresa que foi encontrar a Mo sentada, quem diria, na baia 63.

Eu amo beijos feitos para durar um minuto que duram muito mais do que isso.

(e se tristeza não tem fim e felicidade sim, eu não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe)

Alô Doçura


Só hoje tive umas mil idéias para escrever. Não sei explicar como, nem porque, mas elas permanecem por pouco tempo na minha cabeça. Quando eu vejo, a idéia fugiu, junto com mais um monte de coisa que eu penso e despenso a cada segundo.
Tenho percebido o quanto eu sou dispersa. Acho que é aquela velha vontade de agarrar o mundo inteiro com as duas mãos.
Agora mesmo, abri esse post pra escrever alguma coisa, que eu não lembro mais o que era.
Que coisa, não? Esse tal mundo moderno...
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Uma coisa nada moderna, bem antiga aliás, são as variações hormonais das mulheres, quando estamos "naqueles dias" (odeiooo essa expressão). Sinto-me uma louca. De repente a vida é melancolia pura. Tudo parece ter um ritmo de música francesa, com acordeon, do tipo Yann Tiersen, que fez a trilha da Amélie Poulain, especificamente aquela música La Valse d´Amélie, triste, pausada, trágica, emocionante e principalmente profunda. Tudo é muito profundo. Ai, ai.. Queria estar me sentindo assim em Paris. Enquanto isso não acontece, devorei meia caixa de bombons Garoto. Lembra do bombom Alô Doçura? Pois é...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Sinalizando

Acredito e sempre acreditei em sinais. Dos mais imperceptíveis aos mais evidentes, que aparecem quando peço e preciso. Não sei como serão e nem sei o que querem dizer, mas reconheço-os e sei que surgiram só pra me dar a direção certa, mesmo que eu não saiba diferenciar, nesses casos, o certo do errado. Aliás, nem sei se a vida tem certos e errados. Antes de fazer ou decidir algo, fecho os olhos e peço. Normalmente, o que move é a ângustia de não se saber pra onde ir. Ai fico quieta e penso: "Ei, alguém aí de cima, por gentileza, poderia me dar uma luz, um sinal, uma resposta?" Aí, é pá-pum. É uma chuva repentina, um telefonema, uma janela se abrindo ou de msn pulando, uma frase de horóscopo quase sempre sem-sentido, um olhar, um abraço, qualquer coisa.
Às vezes (na maioria delas) fico ainda mais confusa. Não por causa do sinal, mas por ser mesmo uma pessoa confusa e, confesso aqui, com voz baixa ao pé do ouvido, que, em alguns momentos, sou também um pouco descorajosa. (Inventei palavra nova, pois não gosto da palavra covarde, é extrema demais e não permite meio-termo. O mesmo vale para a preposição "sem", na expresão "sem coragem"). Fico lá, pensando sozinha se quero ou não quero, se vou ou não vou, e acabo por deixar como está. Até alguém vir, de mansinho e "búuuuu" tomar a decisão por mim.
Depois de um feriado desses, de horas rolando na cama, de tempos sozinha no decorrer das tardes frias (mas ensolaradas, daquelas que não, não dá pra se passar sozinha e, quando só, o mundo parece ainda maior por trás da gente) as oportunidades de se questionar foram tantas, tantas que me perdi em pensamentos e decidi não mais pensar. Só, como sempre, me deixar levar. E foi assim, que um sinal da vida me apareceu, de surpresa. Uma voz importante chamou à porta e pediu licença para entrar. E, de mansinho, despertou, com palavras e sorrisos arrancados, uma sensação boa de lembrança, de paz e de vida vivida com intensidade e vontade. Um sinal, com certeza! De alguém lá de cima me mostrando que não há decisões a se tomar enquanto "sims" ou "nãos" não me forem cobrados.E nem sei se um dia serão...
Se um dia, por acaso, forem, aí sim, fecho os olhos e peço: "ei, alguém aí de cima, por gentileza, me mande um sinal que me dê coragem para arriscar?"

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Trafegando


Acordei às 8h45, acendi o abajur - ainda com os olhos fechados -, puxei o telefone do gancho e disquei o número. Ocupado. Tudo bem, não vou me estressar no primeiro minuto do dia, né, pelamor. Virei para o outro lado da cama, o da parede, e esperei alguns segundos. De manhã, antes de me levantar, gosto de contar até 30. "1, 2, 3....". No 30, eu levanto. Não, não é toc ou qualquer coisa do gênero, juro. Eu posso muito bem não levantar no 30; mas gosto assim, ué. Bom, voltando. Liguei de novo para el tráfego. "Oi, Djair, é a Giovanna, tudo bom?", disse, sem nem cogitar disfarçar minha rouca voz de sono. Ele: "Giovanna?! Acordada a esta hora?". Fiquei imaginando o que passou pela cabeça do Djair para dizer isto. Será que ele acha que não tenho cara de quem acorda cedo? Ou então está tão acostumado a me ver no jornal tarde da noite, mendigando uma carona, que não achou que eu pudesse levantar da cama antes das 10hs. Ou, who knows, deve ser um costume dele falar isso para as pessoas, de manhã. "Oi Fulano! Acordado a esta hora?". Rs. De qualquer forma, nada como começar o dia com uma coisa inesperada, mesmo que ela seja bobinha, como essa.

Desliguei o telefone e fiquei morgando na cama mais meia hora, pensando em meu itinerário ("Mercadão-Liberdade-Santa Luzia....ou Santa Luzia-Liberdade-Mercadão?"). Vesti a malha cor-de-rosa que ganhei da tia Carlota, uma meia bem quentinha, um sapato velho de guerra e um cachecol xadrez. Às 10h05, achei que o carro do tráfego estaria me esperando lá fora. "Eles não tocam a campainha, né, filha?", comentou, apropriadamente, meu pai. 'Eles' são os motoristas do Estadão. Só uma interrupção: nunca me esqueço quando minha irmã virou pra mim e disse "tráfego???", com uma cara de espanto, achando que se tratava de "tráfico". Continuando: o motorista da vez era o Prado. Ele tem olhos verdes e cara de quem entende de caminhos. E vestia, nesta sexta-feira-cinza, um casaco muito mais adequado do que o meu. Conversei um pouco com o Prado, que me fez lembrar (ok, memória bizarra) de O Diabo Veste Prada - assisti ontem, por acaso, na tv - e que, por sua vez, me fez lembrar da Prada, a grife, e lembrei, ai, como quero uma bota marrom de cano alto para usar com minha calça jeans skinny, a próxima aquisição. Consumista (não me orgulho...). Na melhor das hipóteses, alego: foi tudo idéia do Oscar Wilde.

Impressionante, mas as conversas com os motoristas do tráfego são sempre muito inspiradoras. Tenho na cabeça dezenas delas; algumas anotadas no bloquinho da Audrey Hepburn que carrego comigo. Gosto dos apelidos que eles inventam uns para os outros, de saber quem são eles, se são casados (quase sempre são divorciados), se têm filhos, o que fazem no fim de semana, aonde moram, qual boteco freqüentam. Ontem mesmo conheci um motorista tão gente fina que fiquei com vontade de dar a mini-champanhe que carregava na bolsa para ele. José. É o Zé, pai zeloso da Mayara, que trabalha quantas horas forem necessárias de segunda a sábado. Os domingos são preciosos, ele me explicou. "Acordo cedo, deixo a casa em ordem e espero a Mayara, que mora com a tia dela, chegar. Aí coloco minha bermuda, um chinelo, e vamos, juntos, comer no Ceará".

Bom, tudo isso para dizer que, em busca de uma bendita pasta de amendoim chamada Amendocrem, no centro, tomei um dos melhores banhos de chuva do ano (a pasta, fui achar em uma estante do Santa Luzia). Encharcada, fumei um cigarro delicioso no posto de gasolina "H" ao lado do Mercadão, devorei bolinhas de wasabi no carro e agora estou aqui, no quentinho da redação. Uma parte do coração, na Louisiana.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O carteiro e o poeta


"Quando você foi embora, pensei que tivesse levado as coisas belas daqui, mas agora percebi que deixou algo para mim"