quarta-feira, 17 de junho de 2009

Caramelo

O cheirinho de açúcar queimado tornava quente a sala escura. O fervilhar da panela foi a trilha sonora da segunda-feira fria. E o caramelo derreteu as cordas que apertavam o coração. Digo, uma parte delas...Caramelo foi, sem dúvida, a surpresa mais doce em uma semana de inspiração vermelha, em que bexigas em formato de coração decoravam as vitrines cafonas da capital gelada.

No líbano, os desejos e ansiedades delas são iguais aos nossos e, em cada cena, eu me lembrava da gente. Das vezes que nos encontramos para chorar, mas tudo sempre acabava em risada. Da amizade que começou com corações partidos, das noites dançantes cuja lembrança mais forte é uma delas sentada no lixo. Lembrei das viagens, que íam de café da manhã em frente ao mar e cinco sobremesas a banho gelado e miojo pré-samba na areia. Lembrei dos sonhos e dos planos frustrados, das risadas intermináveis e dos segredos bem-guardados.

Enfim, Caramelo é um delicioso filme sobre mulheres, suas belezas, suas dores, inseguraças e amores....histórias verdadeiras e comuns nos quatro cantos do mundo. E como não se apaixonar? Se apaixonar por elas, mulheres, por nós mesmas, por aquela que atravessa rua com saia rodada ou por aquela que chora escondida, trancada no banheiro do escritório. Como não se apaixonar até por aquela que, com o coração encolhido, finge discar errado como se fosse possível esconder de mim que o olhar pernambucano anda carregado de tristeza.