terça-feira, 5 de agosto de 2008
Os olhos azuis de Luiza
Desde pequena, os olhos azuis de Luiza eram maiores que a boca, que o nariz, que tudo. Luiza era só olhos azuis e ela sabia disso. E adorava. Era como se o mundo todo estivesse ali, dentro daqueles olhos azuis, mesmo que ela não conhecesse nada deste mundo todo.
Luiza sabia muito bem exibir os olhos azuis, que ficavam mais azuis quando sorria ou quando fazia aquela cara - uma carinha que só Luiza sabia fazer, espremendo os olhinhos azuis - e todo mundo achava graça. Luiza espalhava o azul de seus olhos pela praça em frente à casa, na escola, na livraria...e o azul dos olhos azuis de Luiza enfeitiçava todo mundo e, como passe-de-mágica, todo mundo se apaixonava. Luiza, com seus olhos azuis, era a alegria da gente.
Quando Luiza cresceu, seus olhos azuis ficaram do tamanho da lua. Lua cheia, porque os olhos azuis de Luiza eram tão grandes, tão grandes, que todo mundo via de longe. Foi quando um moço deu de cara com os olhos azuis de Luiza e, instantaneamente, parou. Pegou um lápis, um papel e se pôs a escrever enquanto Luiza, com seus olhos azuis, partia. Toda a cidade já estava curiosa pra saber o que tanto escrevia o moço, hipnotizado pelos olhos azuis de Luiza.
De repente, se levantou e, acarinhando as teclas do piano, com sua voz deliciosamente desafinada, o moço, enfim, cantarolou a poesia que escreveu em homenagem à Luiza...a Luiza que tantos conheceram e, intensamente, amaram.
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Um comentário:
a canção que esse moço escreveu, para esquecer Luiza, é linda. duvido que tenha esquecido.
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