terça-feira, 13 de maio de 2008

O correr da vida


A imagem não tem ligação com o post. Está aqui só para dar um colorido...

Queria escrever. Sim, mas preciso admitir: ando sem muita inspiração.

Pensando bem, uma coisa me inspirou. É, foi uma descoberta, na verdade. Bem durante uma caminhada pelos sertões de Guimarães Rosa. Gostaria de dividir essa “coisa” aqui.

Passando por certas veredas encontrei o que, para mim, é um tesourinho. Uma espécie de reflexão sobre a vida. Antes de começar a ler “Grande Sertão: Veredas”, eu já sabia da existência desse trecho. Não imaginava em qual contexto o encontraria, como era o começo e o final e, de repente, em um sábado distraído, eis que me deparo com essas linhas, ditadas por Riobaldo.

“A virtude que tivessem de ter, deu de se recolher de novo em mim, a modo que o truso dum gado mal saído, que em sustos se revolta para o curral, e na estreitez da porteira embola e rela. Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso — o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito — por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.”

Um comentário:

Anônimo disse...

SALVE RIOBALDO, CABRA DESINXABIDO!
VIVA ROSA, O POETA DA PROSA!!!