terça-feira, 30 de setembro de 2008
La femme a dit oui
Elas tiram fotos que depois serão colocadas em álbuns virtuais. Com alguma sorte (e uma dose de nostalgia) em murais. Não são mais de cortiça, as fotos não furam mais. Ficam pregadas em ímãs coloridos. Com alguma sorte, de Olinda. Mas as moças nem sabem. São quatro e estão sentadas na mesa do canto esquerdo do bistrô. Uma delas amarrou o casaco por cima das costas. Talvez fossem um quarteto na faculdade. Dão risada das fotos que já podem ver no visor da máquina digital, que nem deve ser mais chamada de digital. Coisa cafona, toda máquina hoje é digital. Não imagino o que conversam, não quero. Só observo deliciada o jeito como se divertem, como bebem vinho. A namorada da mesa vizinha leva à boca do namorado uma garfada de quiche, repreendendo-o com estudada espontaneidade: "Você nunca deixa". E ele chega. Chega e dá um gole no vinho e me rouba um beijo e diz você nem se assusta, né. E assim, distraída, quando achava-me sabida observando o lado de lá, tomei o susto mais doce da vida.
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2 comentários:
perceber assim as cenas desapercebidas é coisa de quem anda leve por aí, flutuando, apaixonado...
texto gostoso de ler, Nana! pintou a cena toda na minha imaginação.
beijos
que delícia.
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