Dias corridos. Abraços apertados. Saudade recuperada. Sentimentos embaralhados. Chuva. Família reunida. Amizades refeitas. Carinho comprovado. Medo. Confusão. Novas músicas. Falta de inspiração.
Assim foi a última semana...
No meio de tudo isso, olhei para a estante do meu quarto e, quase escondido, lá estava ele, Fernando Pessoa, o poeta das mil faces. Lembrei daquela noite especial em que ganhei esse livro de uma amiga que, além de ter adivinhado o que eu precisava, me apresentou Beatriz. Em homenagem a essa amiga, à vida e, principalmente, às coisas que somente existem e não precisam ser explicadas, deixo aqui o poema “Li hoje quase duas páginas”.
"Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.
Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.
Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.
É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.
Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza."
segunda-feira, 17 de março de 2008
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Um comentário:
Não tem explicação, não tem expliiicação, não tem, não teeeeeemmm =D
Fernandinho arrebenta!!!
Kd você, Inaraê????
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