segunda-feira, 17 de março de 2008

Sem explicação

Dias corridos. Abraços apertados. Saudade recuperada. Sentimentos embaralhados. Chuva. Família reunida. Amizades refeitas. Carinho comprovado. Medo. Confusão. Novas músicas. Falta de inspiração.

Assim foi a última semana...



No meio de tudo isso, olhei para a estante do meu quarto e, quase escondido, lá estava ele, Fernando Pessoa, o poeta das mil faces. Lembrei daquela noite especial em que ganhei esse livro de uma amiga que, além de ter adivinhado o que eu precisava, me apresentou Beatriz. Em homenagem a essa amiga, à vida e, principalmente, às coisas que somente existem e não precisam ser explicadas, deixo aqui o poema “Li hoje quase duas páginas”.

"Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.

Os poetas místicos são filósofos doentes,
E os filósofos são homens doidos.

Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem
E dizem que as pedras têm alma
E que os rios têm êxtases ao luar.

Mas as flores, se sentissem, não eram flores,
Eram gente;
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;

E se os rios tivessem êxtases ao luar,
Os rios seriam homens doentes.

É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.
Graças a Deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,
E que as flores são apenas flores.

Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente,
Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza."

Um comentário:

Anônimo disse...

Não tem explicação, não tem expliiicação, não tem, não teeeeeemmm =D

Fernandinho arrebenta!!!

Kd você, Inaraê????