Chuva forte, tempo feio e ela de sandálias. E ela odeia molhar os pés. Mas, oras, como adivinharia? O céu daquela cidade não é o mesmo céu que cobre esta cidade aqui. Ah, ela tem certeza disso. Mas o que conforta é que ali, bem na divisa dos “céus” existe uma casinha branca. Ela acredita, apesar de os mapas dizerem o contrário, que aquela casinha ali se ergue metade na cidade dela e metade nesta cidade aqui. E ali, naquela casinha onde o sol banha a varanda, mora alguém que disse, ao pé do ouvido dela, que não vai deixá-la mais molhar os pés. Nunca mais. Tá, ela sabe, com certeza, proteger os pés da chuva, sozinha. Mas ela esquece de separar, para o dia seguinte, sandália e tênis, calça jeans e vestido, camiseta e casaco de lã, como pede esta cidade aqui. E, além disso, como é bom se fazer desprotegida. (Ela sempre acreditou que as princesas dos contos-de-fadas nunca precisaram ser salvas de verdade. Era tudo charme. Elas sabiam, sim, resolver seus problemas sozinhas. Afinal, não há dificuldades em se descer do alto de uma torre, não há veneno no mundo que adormeça alguém por anos e anos, a cinderela poderia arranjar outra forma de ser feliz-para-sempre sem o bendito sapatinho de cristal e quem é que disse que a chapeuzinho vermelho não queria ser comida pelo lobo-mau?) Bom, ela, fazendo charme, abriu concurso para encontrar alguém que, disponível, revelasse, toda noite, na hora de dormir, a previsão do tempo do dia seguinte. E não é que o moço do tempo que ela encontrou, sabe muito mais do que só prever o tempo! Ele sabe fazer dias de verão, em plena madrugada chuvosa. Ele também sabe inventar frentes-frias só como desculpa para se tomar chá quente e comer biscoitos metade-preto-metade-branco. Ah, e claro, sabe pintar primaveras, todos os dias desde o primeiro encontro.
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4 comentários:
Como pode? tão pequena e tão grande?
linda!
beijos
Ah... O amor....
Só poderia mesmo ser descrito dessa forma por uma pessoa: a garota nota 10, com ditinção.
maravilhoso!
Tantas formas lindas de amor! Joana poema.
A estrada que me leva em casa continua pra bem longe. Lá no horizonte sempre faz sol ou tem arco-íris. Vem de lá um vento quente que carrega sementes e pensamentos. Trouxe também um gostar que pousou bem na minha janela. De cuidar e gostar tanto deu que ele cresceu e tive medo do dono vir buscar. Veio foi ela, toda sem saber se era sol ou chuva que o gostar queria. Disse que precisava era de mim e ela achou que eu falava do gostar. Falei foi dela, que fez charme e me levou junto. Agora eu gosto tanto que até aprendi como chover pra fazer arco-íris sempre que o castanho do olho dela precisa de companhia.
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