sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Sonhar


Em tempos de imprecisões, confusões, desilusões...os sonhos continuam aqui. Tem sonho que já virou realidade e às vezes eu nem percebi porque já tem outro sonho pra sonhar, pra viver. Tem sonho que eu já nem lembrava que um dia sonhei e que, de repente, bate na porta como criança pedindo doce, pedindo para ser sonhado de novo. Os sonhos vão trilhando os caminhos. Sigo caminhando. E nem percebo que tudo está passando rápido, tão rápido feito estrela cadente.
“A vida necessita de pausas”, disse Drummond. Concordo com ele. Senão fica tudo atrapalhado, amontoado. Sonhos embaralhados. Tudo fica querendo ser alcançado. Calma, uma coisa de cada vez. Mesmo assim sonhar é bom. Como é bom, mas na medida certa ou o sonho vira quimera.

Aqui deixo um pouco de sonho, não aquele com goiabada que minha avó fazia, mas aquele que se fantasia. Um sonho impossível, descrito por Miguel de Cervantes, lá em Dom Quixote de la Mancha.


Sonho Impossível

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu post me fez tão bem...lindo, lindo, Aninha pia-pia!