Janaína, mesmo longe, mandou avisar, pela voz suave da brisa do mar, que sentiu falta da menina de saia branca. Ela sabia que, todo o ano, a menina chegava pertinho para pedir-lhe, ao pé do ouvido, um pouco de sua graça e proteção. Mas nesse não. Janaína não viu a menina molhando a barra da saia no vai-e-vem de suas ondas. Não viu a menina cantando cantos e rodando na areia, acendendo velas e rezando baixinho, na primeira hora do novo ano. Achando estranho, D. Janaína revirou suas águas e, em um acesso de raiva, fez com que o ano da menina começasse aos tropeços, com desencontros e ansiedades. Foi Janaína que, por trás do colorido da noite, soprou encantamentos e fez o príncipe adormecer. Ele não acordou e a menina? Ah, a menina teve que fechar a mão e guardar o beijo que escapava, de tanto ansiar. Sem suspeitar do armado desencontro, a menina sentou na beira do rio e chorou tanto, que as lágrimas encheram potes de tristeza. O rio, como filho obediente, levou os pingos pingados do rosto dela até D. Janaína, para plantar pés de remorso no coração da deusa do mar. Envergonhada, Janaína acalmou a maré e, num combinado com a lua, quis mudar os mal-feitos cometidos. Usou novamente a voz da brisa e mandou mensagem-poema que chegou até eles como música, unindo as mãos, da menina e do príncipe, com tanta força, que fez parecer amor. Desde então, D. Janaína, que é sereia do mar, carrega em suas ondas a benção prometida, esperando que a menina de saia branca e seu príncipe se aproximem para buscá-la. E ao chegarem, ela prometeu águas mansas e flores brancas que, sob a luz da lua, darão boas-vindas ao novo ano que se iniciou antes, bem antes do dia primeiro de janeiro.
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Um comentário:
"Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
Onde ela vive?
Onde ela mora?
Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar".
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