quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Singin' in the rain
Aqui estou eu honrando o meu Ano Novo astrológico - como boa pisciana que sou. E começo falando daquela que, com sua delicada melodia, me ensinou que cantar é vestir-se com a voz que se tem; que a Senhora das Águas escuta nossas preces e leva para bem longe tudo que nos inquieta, se a gente pedir; que fala, parafraseando o querido Brasinha, o que a gente pensa e não dá conta de dizer. É, Teresa Cristina, nosso mundo é hoje, não existe amanhã pra mim (junto com a música...). "Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim". E fazendo a minha dança, sigo caminhando com minha flor imaginária amarela e laranja no cabelo, aprendendo a desfazer nós apertados no meio do peito, aprendendo a sorrir outros sorrisos, amar toda a poesia do mundo, amar a minha poesia sempre mais.
Aprendi que a gente tem que viver a vida com amor, e só. Os céticos podem chamar de loucura, os amargurados, de otimismo, os machucados, de heresia. Meu pai mesmo, com sua alegria de criança e paixão pelo lança perfume de Rita Lee, se me ouvir dizendo isso, dirá: "filha, só emoção não dá, a gente tem que agir com a cabeça, bonzinho só se estrepa". Eu não consigo, pai (boazinha, não, há um tempo transformei a Nana boazinha em flor-do-campo). Às vezes até tento agir de acordo com pensamento bem pensado. Mas parece que dentro de mim pisca uma sirene muito barulhenta quando olho a casca, sem pensar no miolo. Sou guiada é pelas estrelas pia-pia de Cordisburgo. Como Quintana, eu digo: "Minha estrela não é a de Belém, a que, parada, aguarda o peregrino". Nosso velho e encantado labirinto. Fácil? Ara! Dureza. O mais difícil é entender, com o coração, o coração do outro. A dor do coração do outro dói na gente, e, hoje eu sei, é porque não existe meu, dele, dela. É tudo igual. Todo mundo é um.
Levar a vida com verdade e ter encontros de verdade é o que me motiva a continuar seguindo o meu coração, mesmo que seja dolorido às vezes, mesmo que o medo venha com força mascarado, mesmo que tudo isso exija - e exige - um difícil exercício de consciência. Tem dias em que acordo me sentindo a menina que mora no balão azul do meu quarto, mas sempre carrego comigo a paz de quem encontrou sua liberdade e a cada dia faz uma nova e importante descoberta sobre si mesma, com a certeza de que, enquanto mantiver essa liberdade dentro de mim, tudo dará certo. Não é simples? A gente faz as coisas com verdade e respeito, e todo o resto se encaixa.
Tem sido uma caminhada e tanto. Por isso hoje, neste Ano Novo, estou aqui, honrando. Agradeço minha força, sua força. Agradeço minhas amigas queridas, a fada que apareceu no meu caminho, as pessoas escondidas que saíram do esconderijo, os recém-amigos, minha família, minhas irmãs de alma. Miguilins, flores, bichinhos, hermanos, Mãe Terra, vento, mar, eclipse, filmes, algodão doce, picolés, torta de limão. Colegas, motoristas, músicas, tintas, sorrisos, abraços, e-mails, poesias, teresas. E termino esse post falando da foto que me inspirou a iniciar esta travessia sem fim, quando eu ainda não tinha calçado as botinas e achado a razão desta tal melodia. Olhei para ele na loja de quadros, acomodado entre Marilyn Monroes e Poderosos Chefões, e senti: I wanna sing in the rain too! Ontem, eu e Gene Kelly dançamos - como tinha de ser.
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Um comentário:
Tá começando a garoar lá fora, Giova... Te espero na rua, para te tirar para dançar.
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