— Papai, não acredito. Vou poder ver a lua mais de perto! (correu em direção ao pai e lhe deu um beijo estalado)
Depois disso, ninguém mais podia com a menina e seu telescópio. Muitas tardes e noites eram passadas detrás do objeto. Não ficava paralisada, somente, olhando o céu, coisas e pessoas, acho que o telescópio fazia Nina sonhar. E, sonhando, ela viajava para bem longe. Assim como fazia o Lucas Silva e Silva, seu personagem favorito.
Passaram-se os anos e, Nina já mulher, continuava querendo desvendar os mistérios dos lugares distantes. Lá para as bandas da lua. Nunca quis ser astrônoma. Não sonhava em um dia conhecer a lua de perto ou nenhum planeta sequer. Preferia imaginar e só olhar de longe.
Ela achava muita graça em comparar as fases da lua com as fases da sua própria vida. Vivia dizendo: “tenho fases, como a lua. Fases de andar escondida, fases de vir para a rua...Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha”. (desconfio que Cecília Meireles tenha conhecido Nina antes de escrever o poema)
E todos os dias eram assim. Sentava-se bem perto do telescópio e esperava pelas próximas fases.
O tempo foi passando e os cabelos escuros deram espaço aos fios esbranquiçados e, Nina já velhinha, contava aos netos suas aventuras no mundo da lua. Ensinava a eles o nome de algumas constelações, numa data especial lhes "dava de presente" uma estrela e, principalmente, deixava-os livres para que cada um visse a sua própria lua.
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