Sentada no banco traseiro do táxi, ela observava o vai-e-vem desesperado dos carros em um dos principais cruzamentos da cidade. Além de buzinas e murmúrios das pessoas que por ali passavam, o que se ouvia era o som de “Jingle Bells” ou qualquer canção similar. Foi quando a moça tentou se lembrar da listinha de desejos que preparou nesta mesma época do ano anterior.
Após alguns minutos pensando, começou a rir de si mesma. Tudo bem que muita coisa, de um jeito torto ou de outro, tinha se “realizado”. Porém, outras tantas, sequer, passaram perto de acontecer. Mesmo assim, apesar do sorriso triste que ostentava naquele momento, ela estava feliz. E resolveu que neste final de ano faria diferente. Melhor, não faria. É, nada de listas.
Queria deixar que o correr da vida embrulhasse tudo, para que depois ela, a própria vida, desembrulhasse, como assim tinha lido nas veredas de Guimarães Rosa. Também aprendeu, desta vez com o budismo, que a vida é uma bela caixinha impermanente e que ninguém, ninguém mesmo é capaz de ter sempre as rédeas na mão.
Então, se desfez de qualquer possível catalogação de desejos e decidiu que manteria apenas a vontade de que tudo fosse, novamente, colorido como um quadro de Miró. E deixaria, mais uma vez, Fernando Pessoa conduzir seus pensamentos: “E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.”
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