quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ouvindo rádio

Tentava descobrir seu lugar. Seria no cais de Amado, ao lado de Guma, ou , quem sabe, dançando o tempo e o contratempo, seguindo os conselhos de Jorge Maravilha, aquele de Julinho de Adelaide?

Talvez fosse ao lado de Torquato, na sua despedida triste, metafísica, seu adeus nada objetivo. Não conseguia se descobrir. Por que se via muitas. A melancolia da voz de Tom, acompanhado das teclas do piano e o violão de Edu a embalavam, levando-a para bem longe. Sentia uma tristeza que nem era dela, era do mundo. Podia ser de Guma, podia ser de João. Eram todas juntas. Achava bonito sentir isso. “Vem, nem que seja só, pra dizer adeus...”

E de repente o violão alegre e a voz cortante daquele mineiro. Mais uma vez ele... Dessa vez acompanhado dos ecos otimistas de Beto. Juntos celebravam a vida, a amizade, o destino incerto. Uma entrega aparentemente sem medo, aquele velho conhecido. “deixar a sua luz brilhar e ser muito tranqüilo, deixar o seu amor e ser muito tranqüilo. Brilhar, brilhar, acontecer...” Seria ela uma melancólica otimista?

Nesse momento chegou Kim Carnes. Ela cantava os olhos de Bette, aqueles que devem ter hipnotizado muitos outros olhos. Kim contava histórias sobre aquela que tinha os olhos de Bette e deixava os homens todos desconcertados. Com Kim ela só fechava os olhos, sentia-se mais segura, como a se vida estivesse bem ali, na frente, esperando por ela. She knows just what it takes to make a pro blush. She’s got Bette Davis Eyes. ..

Mas veio Caetano e proclamou: nine out of ten movie stars make me cry. I’m alive! Feel the sound of music banging in my belly belly belly…. I know that one day I must die. I’m alive.

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