Ele é um ratinho que sonha em ser chef. Ela, uma menina-velha tentando descobrir que parte é menina, que parte é velha e que parte é só parte. Como Remy, segue um desejo que nem sabe direito o que é e onde vai dar. Disseram-me, aliás, que eles caminham de mãos bem dadas, o ratinho e a menina, o dia todo, em Paris - ok, o dia todo não, porque ele precisa misturar ingredientes e, ela, palavras. Andam daquele jeito saltitando que a gente anda quando é criança, páram para ver os artistas de rua, sentando-se nos banquinhos coloridos. Observam os casais que trocam alianças nos barcos do Rio Sena e riem, deliciados, do já batido (e nunca batido) ar romântico de Parri. Ela quer sorvete, ele reluta, diz que ninguém faz um sorvete melhor que o do Remy, mas quando vê as três bolas de chocolate (mais de um sabor junto? pelamordedeus) em cima de uma robusta casquinha, o sorvete escorrendo e caindo na calça dela...ahhh, abre o sorriso da foto e nada diz. Com duas casquinhas gigantes, eles resolvem sentar-se à margem do rio. Venta. Os sorvetes pingam sem parar e ela ri, ri. Ele se irrita, acha um pedaço de papel embaixo do banco e faz o papel amassado de lenço. Parece uma burca, Remy! Risos. Achocolatados, presentes, andam de novo pelas ruas de Paris, agora devagar. Acabou o dia. Eles se abraçam, a menina e o ratinho. As mãos dele, pequeninas e geladas, enroscam o pescoço dela e ela só consegue pensar que a pessoa que inventou o sorvete sabia o que era o amor.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
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Um comentário:
Tão linda...minha jornalista preferida! Minha amiga-Rosa!!!
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